O último destino foi Berlim, outra cidade que todos diziam que eu ia amar, talvez até mais que Londres. Ainda não sei responder essa questão – porque não sei se dá para comparar e eleger uma -, mas, de fato, é outro lugar que te faz querer ficar pelo menos 1 mês nele se perdendo pelas ruas, galerias, bares e pessoas.
Antes de ir, um amigo disse: “Berlim é a terra do foda-se”. Diante dessa apresentação, já comecei a pré-amar a cidade.

esse outdoor pra mim ilustrou super bem o clima “foda-se land”
Ficamos no Mitte, num apto super bem localizado (tks, Airbnb e GreatStay) que nos permitiu fazer tudo a pé. Ouvi muitos alertas de “nossa, vai estar muito frio, se prepara”, mas a verdade é que estava bem tranquilo nos dias que passamos por lá e eu amei sentir o frio que a gente nunca tem por aqui.
A cara de recente pós-guerra ainda toma conta do lado Oriental – o único lado onde vale à pena circular, já que o ocidental, como meu kraft amado Sérgio me disse e confirmei, é como qualquer outra cidade. São prédios de concreto, acizentados, duros, misturados a portões grandes grafitados e, em volta, por trás e pelo lado, muita natureza. Por trás de cada muro ou grade meio fudida, tem uma árvore, plantas….contrastes muito lindos, principalmente no inverno quando as folhas ganham cores que não vemos aqui: amarelas, rosas, vermelhas, marrons e verdes berlinenses.
Assim como eu ficava louca com os banheiros dos pubs em Londres, minha pequena obssessão em Berlim era com os portões todos grafitados e/ou com poster colados e/ou descascados das casas e prédios. Adorava também ver plaquinhas e sinalizações como essa logo abaixo:
Pegamos dois dias com luzes lindas de final de tarde, do tipo que me fez agradecer por poder estar ali, naquela hora, com duas grandes amigas da vida. Sério.
E aí, enquanto você anda por ruas tranquilas, planas e feitas para se passear (a pé ou de bike, como a maioria das pessoas), pode curtir os currywursts, bratwursts ou bockwurts-delícia com uma Berliner. E depois, dar aquele rolezão cultural pela Ilha dos Museus, onde fomos no Pergamon e no Neues (onde tem a famosa estátua da Nefertiti, que, aliás, é de babar mesmo). Os domos verdes são uma característica forte na arquitetura de museus e igrejas.

pergamon: lá tem essa parede linda, linda, linda, vinda direto da babilônia

Os pilares imponentes que antecedem a entrada do Neues

hieróglifos sempre me encantam

a rica arte islâmica

passeio pelos tempos remotos
E se você quer arte contemporânea, claro que também tem. Muito. O Hamburger Banhof e a Me Collectors Room são imperdíveis e acho que o ponto alto de tudo que fui por lá. Assim como as galerias da Augustrausse e o C/O (onde estava rolando uma expo foda do fotógrafo Joel Sternfeld) e onde tirei uma foto num photobooth americano original de 1962.

um pedaço de um dos murais no caminho para a sala 1

outro pedaço
Entrando na Me, fiquei passé composé com coisinhas estranhas e delicadas, tipo saídas de algum lugar magicamente mórbido e divertido, como esqueletos, mini esculturas de vísceras em porcelana e coisas do gênero. Daí, li sobre essa sala especial e olha só:
Wunderkammer or ‘cabinets of curiosities’ first evolved during the Renaissance to house collections of exquisite artworks (artificialia), rare natural objects (naturalia), scientific instruments (scientifica), objects from foreign lands (exotica) as well as the mysterious and unexplainable (mirabilia). Berlin also had its own art cabinet, which was founded by Prince-elector Joachim II (reigned 1535-1571). However, the few surviving objects have since been dispersed throughout various museums. The Wunderkammer Olbricht at me Collectors Room has revived the old tradition of cabinets of art and curiosities in Berlin. It gives us a deeper insight into the past, and is still capable today of achieving exactly what it did 200-300 years ago: astonishing and captivating an audience.

sim, é uma pulseirinha simulando ossinhos e o caixão com esqueletinho cute
No andar de baixo, mais morbidez, mas em outro estilo, contemporâneo. E também muito deboche e crítica. Adoro.

incrível essa tapeçaria
E aí, depois de ver isso tudo, te resta, sei lá, tomar uma Berliner, colocar o iPod, sair andando pela cidade, se deixando surpreender por intervenções tipo essa aqui, que estava em vários lugares, e chorar um pouco por ter que voltar pra casa. Já com gosto de quero mais. Muito mais.
Vale baixar o app da Time Out para dicas de coisas para se fazer por lá. E para entrar no mood, o blog Crônicas de Berlin e o insta Berlinstagram. Os dois estão também no face aqui e aqui.
[…] paixão vem andando na nossa direção. Não é exagero, foi isso que senti. Me apaixonei várias e várias e várias vezes nessa minha primeira viagem para a Europa, em novembro do ano […]
Quero muito conhecer Berlin. Fui para Alemanha, mas só tinha uma semana e acabei não indo para lá. Tenho que voltar!