O que me incomoda me atrai. Talvez seja porque minha curiosidade fica atiçada para entender o que me incomoda. Talvez seja por não ser óbvio e mexer com meus julgamentos. Ou talvez seja isso tudo. E por isso, continuo vendo Girls. Na minha opinião, a primeira temporada foi de longe melhor que a primeira. Mas, a segunda certamente deixou no ar uma nuvem de angústia real que aproxima a gente de partes medíocres dos relacionamentos e da vida – aquelas que a gente não quer ver e nem dividir e muito menos espera ver na televisão.

Hanna continua perdida. Continua confusa. Continua fugitiva da vida profissional. Mas, continua encarando vontades inusitadas, experimentando. E, claro, a temporada termina com o auge do clichê: um corte de cabelo radical para simbolizar uma vontade enorme de mudar.

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Jessa continua sendo a mais interessante, mas a personagem que menos aparece na série (acredito que na segunda temporada isso tenha acontecido por conta da gravidez da atriz na vida real). (Quase) Hippie de visual e sentimentos, ela se separa do playboy grosseiro e egocêntrico com quem, do nada, resolveu se casar. E protagoniza a melhor cena da segunda temporada na minha opinião: quando, logo após a separação, ela vai ao apartamento de Hanna e as duas dividem uma cumplicidade de silêncios, risadas e brincadeiras de amigas, nuas na banheira.

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Shosanna, neurótica e chatinha, descobre o sexo e, na sequência, se vê praticamente casada com o primeiro cara da sua vida: um looser de mais de 30 anos, com problemas nos negócios, anti-social, mas apaixonado por ela.

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A bonita Marnie passa do ápice à decadência: depois de ser despedida de um trabalho incrível, vira hostess em uma boate, se relaciona com um artista em ascensão (com todas as características negativas dos “artistas”) e termina reencontrando o ex, agora rico, depois de criar um app revolucionário.

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O que achei decepcionante foi que o último capítulo parece ter sido feito para resultar em um “final feliz” e esse final não fugiu da ideia central de tudo que vemos nas novelas ou filmes românticos: Hanna e Marnie devidamente completas por estarem perto do homem que as conforta. E Shoshana terminando/fugindo do relacionamento que evolui/regrediu muito rápido.

Mas…

Será que esse incômodo também é proposital?

Uhn…