Viajar é encontrar com a gente mesmo. Voltei cheia de clichês-delícia, com a obviedade batendo na porta. Voltei feliz, cada vez mais certa de que o simples é o melhor de tudo.
A viagem começou com a segunda ida a Berlin e, com ela, a certeza de que essa cidade é das que eu quero visitar sempre que puder. Refiz alguns programas, como a visita ao Pergamon, que faz meu queixo cair logo na entrada com o Altar de Pérgamo, o Market Gate of Miletus e as paredes da Babilônia, naquele azul que não achamos na cartela do dia a dia. Também fui de novo dar um oi para Nefertiti, embasbacante (não pode tirar foto, tente imaginar e aí, dobre a expectativa. É isso) e ver os pergaminhos, sarcófagos e pedaços de pirâmides e lindos hieróglifos no Neues.

imagina morar num lugar com um portal com desenhos assim? imagino o quanto era exótico se deparar com essas cores e desenhos tão diferentes…
Andar por Berlin é incrível. Mesmo. A cidade está sempre em reconstrução e ao mesmo tempo que você tem esse lado histórico forte e preservado em museus, tem o contato com o lado contemporâneo nas galerias e com a street art a cada esquina. Tem prédio ainda da época da guerra, tem prédio com ares franceses, tem prédio imponente, tem prédio simples e tem outros que certamente são squats.
O metrô funciona 24 horas e adoro os azulejos…
Dessa vez, fui a Kreuberg, bairro boêmio, com uma mistura interessante de pessoas, cheiros e bares, que eu não tinha conhecido ano passado. Fiquei louca. Lock. Caps Lock.

comece o dia com um brunch delícia em cima do rio spree, na ankerklause: boa comida, boa vista, boa trilha sonora
No domingo, demos um rolé no Mauerpark, onde rola uma feirinha que mistura antiguidades, chepa, roupas brecholentas, biergarten, karaokê. Tem punk, tem criança, tem gente mais velha, casal, amigos… Interessante…
Consegui também bookar a ida ao Sammlung Boros, um bunker que depois da guerra foi depósito de frutas tropicais (ganhando o apelido de banana bunker), depósito de têxteis, club eletrônico (com a fama de “the hardest club on earth“), abrigou festas sadomasô, foi fechado pelo governo e em 2008 anos foi comprado por um casal de galeristas que estruturaram o espaço para expor obras contemporâneas. O bacana é que eles mexeram o mínimo possível, então, você vê camadas e camadas de tintas, ferrugens nas portas e descascados nas paredes que têm 2 metros de profundidade. A visita é necessariamente guiada – em inglês ou alemão. A dica é: tem que bookar com antecedência, porque sempre lota. Ano passado deixei pra bookar no mês da viagem e não consegui.
Voltei ao Me Collectors Room, que continua meu top 1 da cidade, com seu gabinete de curiosidades: uma reunião de 200 bizarrices lindas e delicadamente esculpidas, do Renascimento e do Barroco.

esses meninos-bichos são de dar medo. parecem de verdade, parecem de pelúcia, parecem estar vivos, parecem estar mortos, parecem quentes…
Voltei também ao Hamburger Banhof e dessa vez consegui ver Warhol, Rauschenberg e Kiefer. Ano passado, essa área estava fechada. Estava rolando também uma expo temporária, Body Pressure, que incluía um vídeo da Marina Abramovic. ❤
É essa mistura do ontem e do hoje – e que deixa a curiosidade sobre o amanhã (às vezes penso que a cidade pode virar muito turística e consequentemente pop em 10 anos, às vezes acho que não, porque é muito peculiar para se perder) – que torna Berlin curiosa, viva, enérgica.
Quero voltar. Logo.